Alanna é arquiteta, corredora, montanhista, nadadora e, claro, pilota de parapente — e também já foi uma mulher imersa em ansiedade, autocrítica e solidão, intensificadas quando seus pais se mudaram de cidade. De repente, ela se viu sozinha, com todas as responsabilidades da casa e da vida adulta. O medo veio. O pânico também.
Através da história da Alanna, queremos compartilhar um aprendizado essencial, especialmente nos dias de hoje: muitas vezes, é preciso desacelerar para ganhar altitude.
Foi a passos lentos — mas consistentes — que Alanna compreendeu isso.
Desde pequena, Alanna teve conexão com o movimento. Fez ballet, praticou natação e sempre se desafiou fisicamente. Carregava uma energia inquieta, potente — um tipo de ansiedade que impulsiona. Aquela que é uma aliada, a que nos leva a experimentar o novo, a aprender, a realizar. A que não deve ser tratada como um transtorno, mas sim a que nos motiva a estudar antes da prova, se preparar antes de uma competição, organizar uma viagem importante, a que faz buscar melhorias contínuas.
Charles Darrwin dizia que a ansiedade ajuda a prever a chegada do predador. E é verdade.
Eu poderia classificar essa ansiedade como a ansiedade do bem. "A que motiva a se mover, enfrentar desafios, impulsiona a busca por soluções e promove ações." - Gustavo Ranieri
Mas em Alanna havia também a ansiedade que fragiliza: que desconecta do presente e consome em excesso.
Para diferenciar a ansiedade natural daquela que adoece, o psiquiatra Márcio Bernik propõe os “3 Ds”: Distress (sofrimento excessivo), Disability (prejuízo funcional) e Disadvantages (desvantagem competitiva).
Quando esses três sinais estão presentes, é sinal de que a ansiedade deixou de ser uma aliada e passou a ser um obstáculo real no caminho.
Ao entrar no mundo do parapente, Alanna acreditou que bastariam alguns treinos mensais e leituras técnicas para dominar a arte de voar. Mas não foi bem assim, e nem é. Eu conto ou vocês contam? Na verdade a gente já contou: O processo de aprendizado do parapente.
A mente da Alanna estava sempre cheia, acelerada, a mil por hora. A frequência nos treinos despencava — muitas vezes, ela chegava a ficar mais de 40 dias afastada. Em mais de uma ocasião, Alanna decolou sem sequer parar para observar o entorno com atenção — simplesmente ia, sem pouso definido.
O desejo de voar era real, mas o impulso era maior que a escuta. Era como se a ansiedade criasse uma névoa, encobrindo o agora. E assim, ela deixava de estar ali — conectada com o ato de voar em sua essência. O prejuízo funcional era bastante evidente. Alanna errava procedimentos que dominava.
A mente — tomada pela pressa, pela necessidade de “chegar” — sabotava sua percepção. Impedia que ela notasse com clareza o ambiente, o clima, os sinais do céu. Voava com o corpo, mas sem a presença da mente.
Os colegas progrediam, tinham uma constância maior — física e emocional. Mantinham o ritmo, cultivavam a presença, avançavam degrau por degrau. Enquanto isso, Alanna se via presa entre a vontade de progredir e a dificuldade de sustentar o próprio ritmo. Não era falta de paixão — mas a ansiedade a impedia de organizar até mesmo a sua agenda com clareza e propósito. A frustração crescia.
Temos um grande amigo, Gilberto Ribeiro Cardoso (abraços Giba!) — psicólogo e piloto de parapente — que costuma dizer:
“O voo é transcendental e visceral. O que você é, com todas as suas multidões internas, o voo desnuda. Ele é uma extensão mais clara e mais potente das suas partes. Seus pontos fortes e fracos voam com você triplicados.”
Na arte de voar livre, descobrimos nossas fragilidades — e, se estivermos dispostos, podemos transformá-las em aprendizado. Descobrimos também nossos pontos fortes. É sobre estar presente em si mesmo, em escuta, em verdade.
Com a Alanna foi exatamente assim. Para voar com segurança e satisfação, foi necessário sobrevoar o interno. Foi preciso muito mais do que equipamento, planejamento ou teoria. Foram meses de conversas, escuta, silêncio, pausas e construção de autopercepção.
Alanna precisava se ouvir. Precisava desacelerar.
E isso não é tão fácil no mundo em que vivemos — repleto de estímulos, com seus apelos incessantes para produzirmos mais, irmos mais longe, nos destacarmos, termos mais, não ficarmos de fora, sairmos da zona de conforto — mesmo quando nem sequer chegamos nela. E, por isso, acabamos ainda mais preocupados, frustrados e ansiosos.
"A sociedade moderna, com suas demandas aceleradas, pressões sociais, constante exposição, amplifica e distorce. Competitividade, comparação, busca por sucesso. A gente tem que ir na academia e postar, a gente tem que postar uma foto de viagem em que a gente esta feliz em um lugar lindo. Então o tempo inteiro estamos sendo convocados a sermos pessoas que atingem uma espécie de plenitude mítica na realização de todas as dimensões da vida. E isso é impossível, inalcançável, desumano e sobrehumano. A ansiedade é fruto inevitável, inexorável desse funcionamento social. Ele é adoecedor. A gente reconhecer que isso é parte do nosso tempo é um abraço, falar disso é um abraço." - Gustavo Ranieri
Somos bombardeados diariamente por promessas de performance máxima, de vidas que “dão certo” em tempo recorde — sempre embaladas por frases como:
“A vida está fora da sua zona de conforto, em uma paisagem extraordinária, praticando um esporte sensacional.”
É isso que escutamos o tempo todo. E sejamos honestos: muitas vezes, mais da metade do mundo deseja ser o protagonista daquela foto — não por estar confortável, mas justamente o contrário: porque está lutando, freneticamente, para chegar lá.
Talvez isso ajude a explicar um fenômeno cada vez mais comum na comunidade do voo livre: pilotos trocando precocemente seus equipamentos, buscando parapentes de maior performance antes mesmo de explorarem, de verdade, todo o potencial do seu nível atual.
Movidos pela pressa de “chegar lá”, fora da "sua zona de conforto", das promessas de longos voos, acabam pulando etapas essenciais de aprendizado, técnica e maturidade — o que, além de aumentar os riscos, compromete a segurança e o progresso real.
E, muitas vezes, essa nem é uma escolha plenamente consciente. É a própria sociedade — com seus filtros, métricas de visibilidade e pressões silenciosas — que parece exigir isso de todos nós.
Olha-se para o equipamento como se fosse a solução, quando, na verdade, o verdadeiro ponto de melhoria está em nós mesmos.
A vacina para tudo isso?
Autoconhecimento.
Repertório.
Maturidade.
E, acima de tudo, foco no bem-estar.
Porque quando a qualidade de vida é prioridade, a performance acontece com naturalidade — com mais segurança, mais presença, mais sentido e muita beleza. Como a história da Alanna. Uma trajetória cheia de encantos, por mais estranho que te soe isso.
É como numa plena quarta-feira — daquelas de céu azul, cloud street, agenda cheia, prazos acumulados e mente em nó — em que estamos ali: no escritório, no trânsito, buscando o filho na escola… E, de repente, recebemos a foto de um amigo, sorrindo ao lado do parapente, pousado no km 170, com a legenda bem-intencionada:
“A vida está fora da sua zona de conforto.”
É exatamente aí que a mente começa a girar em velocidade insustentável. O indivíduo se sente atrasado para algo que nem sabe ao certo o que é! Como se estivesse errando por não estar ali — voando — numa quarta-feira de trabalho duro.
Ou, se for num sábado, se sente perdido por ter feito “apenas” um voo local — que o havia deixado feliz — até ver alguém pousando nos 10, 20 ou 170 km.
Esquece que o ato de voar, por si só, já é algo extraordinário. E claro, pode desejar os três dígitos, se isso o impulsiona a estudar, treinar, melhorar com foco no bem-estar — e ainda assim, se sentir radiante com o próprio voo.
Mas, se o sentimento for o oposto disso — se aflige, se oprime, se gera desconexão, frustração, inveja e diminuição — é mais do que necessário: olhar para dentro de si. Parar de olhar para o outro.
Porque, na realidade, raramente conhecemos a jornada do outro — suas habilidades, dificuldades, renúncias.
E, no processo individual, o que realmente importa é como seguimos aprendendo, progredindo e cultivando qualidade de vida e bem-estar. Do contrário, é quase certo: chegará na rampa sem ver nada — e só vai. Passará a pular etapas, sem dar o devido valor ao processo.
Nessa pressa de alcançar o extraordinário medido pela régua alheia, o efeito é quase sempre o mesmo: O indivíduo se anestesia de si mesmo. Desconecta-se. Passa a viver por comparação, por performance, por acúmulo, por curtidas, por vídeos nas redes sociais. Aliás, segundo o psicólogo social Jonathan Haidt, o diagnóstico é claro: os celulares e as redes sociais estão por trás dessa onda de ansiedade que cresce a cada dia.
Nos afastamos da presença, do sentido, do sentimento. A escuta interna se enfraquece. A intuição se cala.
O corpo vira instrumento de exigência, não de percepção. Perde-se o tato com o tempo presente, com o silêncio, com a jornada, com o respeito pela própria história, com o simples ato de respirar, aprender, criar — e no nosso caso, também voar.
É como se a vida fosse vivida de fora para dentro — reagindo, performando, competindo — em vez de sentir, com verdade, o que ela está oferecendo agora. Seja lendo um livro, cuidando das plantas, preparando o jantar — e, claro, voando.
Acredito que todos que chegaram até aqui na leitura, perceberam: o mesmo veneno que mata, pode ser o veneno que cura. Serve para tudo.
Poderíamos muito bem publicar uma foto treinando de alpina, num dia ensolarado, sem uma única brisinha, com a legenda:
“Saia da zona de conforto.”
Hã… que tal? Capisci? 😉
Impulsionando pilotos que possuem dificuldade com o controle de alpina, ou até mesmo, detestam treinar alpina, a sair da zona do conforto, maximizar a segurança e de quebra garantir uma excelente e bela decolagem em rampas como Governador Valadares, Jaraguá do Sul e claro, com vento zerinho, mas com domínio pleno. Acredite, o resto é consequência dessa dedicação, estudo e escuta interna, e com certeza o piloto ficará radiante de dominar uma decolagem difícil porque se dedicou até não errar, e não até acertar, e somente para ele. Fez isso com leveza, pensando em seu próprio progresso e segurança, e nada mais.
Voltando ao amigo Giba. O voo é visceral e transcendental. E como o grande poeta, Fernando Pessoa, em seu Desassossego revelou ao mundo:
“As viagens são os viajantes. O que vemos não é o que vemos, senão o que somos.”
— Fernando Pessoa
Não é sobre onde estamos, mas sobre quem somos enquanto estamos. E talvez, o maior voo seja esse: estar inteiro dentro de si, onde quer que se esteja.
Despertar para tudo isso é uma batalha diária. E, às vezes, parece até solitário. Mas, ao longo do caminho, é possível encontrar a solitude positiva — aquela que não isola, mas reconecta. Uma trajetória de retorno, de reencontro com o que é essencial, onde a vida começa a fazer sentido de verdade.
Alanna entendeu isso com o tempo. Em uma visita a um lavandário, cada visitante era convidado a deixar uma fitinha com uma mensagem para o “eu do futuro”. Ela escreveu:
“Viva um dia de cada vez, Alanna.”
Algo começava a mudar. Ela já não via mais as etapas como obstáculos, mas como parte do processo.
Adotou o Luke, seu “cãopanheiro” fiel — e com ele, iniciou uma nova rotina mais afetuosa e estável. Mas, ainda assim, não era o suficiente para acalmá-la por dentro.
A grande virada de chave mesmo aconteceu no primeiro Mata Atlântica Ecofestival (MAEF), onde realizamos o Hike and Fly na rampa do Gringo.
Para quem está chegando agora: o MAEF é uma iniciativa que une arte, cinema, música, literatura e esportes de natureza para promover a sustentabilidade em seu sentido mais amplo — uma pauta com a qual a Alanna sempre se identificou profundamente. E que, aqui na escola, também carregamos com muito amor e propósito.
Quando anunciamos o Hike and Fly MAEF, Alanna abraçou a ideia como quem avista uma boia em mar revolto. Aliás, como diz a psicóloga americana Lauren Cook, se a ansiedade está em níveis de mares tempestuosos, só nos resta duas opções: aprender a nadar ou encontrar um bote salva-vidas.
A Alanna fez os dois — e de uma só vez. Porque ali, naquela vivência, estava tudo o que ela amava: natureza, conservação, montanha, arte e voo — juntos, no mesmo lugar.
A partir dali, mergulhou com consistência e propósito. Musculação, corrida, montanhismo e voo livre tornaram-se práticas regulares. Abandonou o cigarro, a bebida, reorganizou sua alimentação, sua agenda, seu sono, tudo.
A gente nem imagina como uma iniciativa pode provocar um impacto tão profundo — no corpo, na mente, e também nas relações.
Alanna construiu uma rede de apoio afetiva e estruturada: com o Luke, com os amigos do voo, da montanha, da musculação, da corrida, com a natureza — e, principalmente, consigo mesma. Encontrou no movimento consciente — e não na pressa — a calma que tanto buscava.
Quem lê isso pode até pensar que ela “acelerou” ainda mais. Mas foi o contrário: ela desacelerou com intenção. Como não conseguia meditar no silêncio de casa, foi durante os treinos de corrida — iniciados para o Hike and Fly do MAEF — que ela começou a refletir, organizar os pensamentos, respirar melhor e se escutar.
Após muitas conversas e reflexões, ela reconheceu que, mesmo já estando no voo há mais de um ano, havia ganhos importantes em se manter próxima da escola. Ambientes estruturados, com supervisão, troca e acompanhamento técnico, oferecem algo valioso demais para ser subestimado: a oportunidade de evoluir com consistência, segurança e autonomia real — sem pressa e sem atalhos.
Não foi um passo para trás. Foi um passo inteligente. Um refinamento.
Essa escolha fez toda a diferença. Permitiu revisar pontos, fortalecer sua base, consolidar decisões técnicas com mais confiança. Porque voar não é apenas sobre “ir adiante” — é sobre como você chega lá.
Ela aprendeu a desacelerar os pensamentos, a lidar com a solidão, a observar o céu antes de responder:
“Está bom para voar hoje?”
“Eu tenho habilidades para fazer esse voo?”
“Será que estou querendo voar só porque vi outras pessoas voando?”
"Eu treinei decolagem alpina para decolar nessa rampa com vento zero? "Capisci?"
“Eu preciso treinar, porque não fiz isso ainda.”
Controlar a ansiedade de pular etapas e querer logo chegar ao topo — para quem já convive com a ansiedade — é uma batalha diária. Sem recorrer a medicamentos, Alanna encontrou no esporte, na montanha e no autocuidado uma fonte real de estabilidade emocional. Criou força. Criou raízes. E seguiu com mais presença.
Já durante o segundo Hike and Fly Mata Atlântica, a Cinemateca de Curitiba lançou o desafio HackaClima — uma iniciativa que propunha a criação de curtas-metragens de 3 a 8 minutos em poucos dias, focados no cidadão comum enfrentando as mudanças climáticas.
Ao compartilharmos essa proposta com nossos alunos e alunas, Alanna se engajou completamente. Naturalmente, não poderíamos deixá-la sozinha nesse desafio; participamos juntos, fortalecendo ainda mais a conexão da Alanna com os esportes, e claro, a nossa própria. Porque durante esse caminho, aprendemos tanto quanto.
Essa jornada colaborativa, que uniu voo, clima, cinema e compromisso ambiental, também foi registrada em detalhes aqui: Hacka Clima MAEF.
Em 2024, organizamos a terceira edição do Hike’n Fly Mata Atlântica Ecofestival, que incluiu a primeira experiência de muitos pilotos no Hike’n Fly. Foi no Morro do Araçatuba. O Araçatuba é considerado a montanha mais fria do estado e uma das maiores do sudeste paranaense.
Foi lá que Alanna realizou seu primeiro voo considerado a essência do Hike and Fly, combinando montanhismo, caminhada de aproximação e decolagem técnica. A subida a pé, com equipamento, e o voo de retorno ao solo são o coração dessa modalidade.
Nesta edição, tivemos a parceria incrível do Clube Paranaense de Montanhismo (CPM), que fortaleceu ainda mais a experiência dos participantes e da nossa equipe dentro do MAEF.
Foi um evento belíssimo, memorável. Ver a Alanna — e tantos outros alunos e alunas — vivenciando aquilo foi emocionante. Brilho no ar, olhos marejados, e muitas histórias de superação sendo escritas no alto da Serra do Mar.
E agora, no dia 26 de abril de 2025, ela finalmente realizou sua meta mais sonhada: voar do lendário Morro Anhangava.
Esse objetivo nasceu lá atrás, no primeiro MAEF — quando tudo ainda era pressa, ansiedade, pressão e estímulos em excesso. Na época, ela sonhava em decolar do Anhangava. Mas ainda não era o momento, havia uma trilha interna para ser caminhada até lá.
Hoje, com calma, constância e autoconhecimento, ela conquistou o Anhangava no seu tempo — com técnica, com verdade, com leveza. É muito mais calma. Claro que não romantiza a ansiedade — e reconhece que lidar com ela é um exercício diário, e que como já contamos, também traz ganhos. Ansiedade é algo natural, crise de ansiedade já exige um pouquinho mais de atenção porque pode até mesmo levar a depressão. Alanna tem consciência, tem práticas, tem ferramentas. O parapente revelou novos caminhos para enfrentá-la — sem fuga e sem pressa, se ouvindo.
Ela voa melhor. Vive melhor. Reconhece outros que estão sofrendo o mesmo que sofreu, e auxilia nessa batalha.
Nesse caminho, ela não encontrou só superação.
Encontrou beleza.
A beleza dos pequenos avanços que só ela sabia o quanto custaram.
A beleza das montanhas silenciosas que a abraçaram quando ela precisou respirar.
A beleza dos laços criados com outros pilotos, com a natureza, consigo mesma.
A beleza de parar de se cobrar tanto.
De se permitir voar com calma, com leveza, com consciência.
E isso, talvez, seja o que torna essa história tão especial: não é só sobre vencer um desafio, mas sobre se apaixonar pelo caminho.
Ela aprendeu, na prática, que constância vale mais que intensidade. Que atenção vale mais que pressa. E que respeitar o tempo do corpo e da mente é o verdadeiro caminho para voar bem. Que é preciso dar passos para trás para pegar impulso para frente — e chegar nos objetivos.
Essa é uma jornada valiosa, intensa e verdadeira e que você pode conferir no instagram da Alanna. 69 decolagens, 15 horas de voo, 14 rampas, infinitas montanhas, trail running e muita superação e vida. Nos orgulhamos demais dessa trajetória.
Foram três anos de coragem e constância.
A Alanna que chegou aqui na escola três anos atrás não é a mesma que entra hoje pela porta.
A essência permanece — o brilho no olhar, o carinho, o afeto, a busca por conexão.
Mas aquela ansiedade estabanada que chegava antes dela… essa já não entra mais. 😄 Quem entra aqui é essa da foto! Com muita leveza.
O que transforma não é a velocidade — é a presença.
A história da Alanna é sobre voo, mas também sobre aterrissagem.
Sobre voltar para si mesma com mais consciência e gentileza. Porque, para quem sente demais, o voo pode ser mais do que liberdade: pode ser reencontro, presença e um caminho possível para cuidar de si — de verdade.
A escola foi essencial no meu processo. Aprendi a respeitar o tempo e não pular etapas para chegar onde estou hoje. Durante a minha trajetória, aprendi que cada desafio enfrentado, cada lição absorvida e cada momento vivido tem seu papel no crescimento pessoal. Foi nesse ambiente que entendi que o progresso é construído passo a passo, com paciência e dedicação. Essa compreensão foi essencial para superar a ansiedade com maturidade e transformá-la em minha aliada.
Mesmo após ter me formado, desejo manter a conexão, valorizando tudo que vivi.
Que venham voos mais altos, mais longos e cercados por muitas montanhas, sempre com a certeza de que a base construída aqui me levará aonde eu quiser.
Importante: A ansiedade é algo natural. Faz parte do nosso existir e nos coloca em ação. A ansiedade em níveis altos é a que deve ser levada a sério. Deve ser tratada com escuta, cuidado e paciência. É uma condição real — e merece atenção. Atinge milhões de pessoas atualmente, cada qual por gatilhos emocionais únicos. Crianças, adolescentes, adultos e idosos.
Os sintomas podem se manifestar de diversas formas, tais como (mas não se limitando a):
A ansiedade paralisante não desaparece da noite para o dia. Cega. Pressiona. Pode custar caro em todas as esferas da nossa vida — e, no esporte, inclusive, pode custar segurança.
Respire. Recomece. Sem pressa. Sem pular degraus. Escute o seu corpo e suas emoções, mesmo as ruins. Cuide dos seus pensamentos e tente entender porque está sentindo o que sente.
"Mergulhar em si mesmo, na própria história, analisar nossas relações, nosso contexto, o tempo e espaço em que vivemos, nos ajuda a compreender as origens das nossas ansiedades que perturbam e afetam nosso bem estar." - Gustavo Ranieri
Atividades como o voo livre, a corrida, caminhadas, o montanhismo, uma boa alimentação, sono de qualidade, leituras prazerosas, meditação, jardinagem, propósito (como o engajamento com a sustentabilidade) e relacionamentos saudáveis — que foram integrados à rotina da Alanna — são ferramentas poderosíssimas no equilíbrio emocional.
Mas é importante lembrar: em alguns casos, aliar essas práticas ao acompanhamento médico e psicológico profissional é fundamental. Não se automedique sem um profissional acompanhando a sua jornada. Se você enfrenta sintomas persistentes ou intensos de ansiedade, busque apoio especializado. Cuidar da mente também é cuidar da vida. E esse apoio profissional pode ser um grande aliado na sua jornada de enfrentamento e transformação.
Voltando para o voo livre:
A construção da autoconfiança e da responsabilidade é um processo contínuo no voo livre. A escola Vento Norte Paraglider oferece o curso de parapente “Rumo à Autonomia” justamente para que o caminho seja seguro, com solidez, apoio técnico e progresso cuidadoso — independentemente das suas razões.
🟣 Este artigo reflete o compromisso da Vento Norte Paraglider com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), promovidos pela ONU.
ODS 3 – Saúde e Bem-Estar: ao abordar a ansiedade com escuta, constância e práticas integrativas como o esporte, a natureza e o autocuidado, reforçamos que saúde mental é parte fundamental da saúde integral.
ODS 4 – Educação de Qualidade: defendemos o aprendizado contínuo e o desenvolvimento técnico e emocional dos pilotos, respeitando o tempo de cada pessoa no processo de formação. (não confunda respeitar o tempo, com baixa frequência em treinos, aulas teóricas e práticas, respeitar o tempo, é respeitar o ritmo de aprendizado, suas facilidades e dificuldades, e não respeitar levar na brincadeira o que deve ser levado a sério de forma leve e didática).
ODS 5 – Igualdade de Gênero: desde 2005, incentivamos a participação feminina em todos os espaços, desafiando barreiras e abrindo novas altitudes para todas as mulheres.
ODS 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima: por meio de iniciativas como o HackaClima e o Hike and Fly no MAEF, promovemos a conscientização ambiental conectando voo, arte, educação e sustentabilidade.
ODS 15 – Vida Terrestre: valorizamos a conexão com as montanhas, o respeito ao ambiente natural e o uso responsável dos ecossistemas como parte do voo consciente e da formação cidadã de cada piloto.