Voltemos a questão do besouro lá do início. Essa é a questão que Isaias Malta escreveu.
Existem inúmeras teorias que explicam o funcionamento de um aerofólio. A confusão das teorias chega a tal ponto que alguém pode até não acreditar mais que alguma coisa voe.
Teoria: Aerodinamicamente falando, o besouro não voa.
Prática: Sabe-se que, para superar este pequeno impecilho aerodinâmico, o besouro depende totalmente do voo propulsionado, ou seja, seu L/D é menor do que 1. Sem motor, cai feito pedra. Vamos convir que o voo de um besouro é um tanto descontrolado. Besouro nunca pousa, ele simplesmente desliga as asas e... cai, nem sempre onde quer.
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Teoria: Aerodinamicamente, o formato do porco não voa.
Prática: Os porcos não voam realmente, e todas as tentativas de se fazerem aeromodelos com formato suíno se espatifaram. Num festival de aeromodelos bizarros que acontece todos os anos na Inglaterra, isto já foi tentado sem sucesso, apesar de inúmeras outras formas terem voado, desde eletrodomésticos a animais diversos.
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Teoria: Aerodinamicamente, o formato de um parapente é um "pano de chão". Para a maioria dos pilotos de asa delta, parapente é um pano de chão. Segundo as sagradas equações da aerodinâmica, panos de chão não voam.
Prática: Parapente voa apesar de ser um pano de chão. Porém, assim como os besouros padecem de certas limitações, o parapente também traz na sua essência a vulnerabilidade de não possuir rigidez.
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Teoria: Psicologicamente, o piloto de parapente deveria ser um estressado porque voa num pano de chão que aerodinamicamente não deveria voar.
Prática: Pilotos de parapente são menos estressados do que outros pilotos. Não dependem de infraestruturas enormes, nem dispendem muito tempo montando e desmontando a asa, não dependem de uma única chance no dia para fazer um voo. Podem se dar ao luxo de "pregar" e subir de novo, "pregar" e subir de novo, "pregar" e subir de novo...
Além do mais, o piloto de parapente pode tranquilamente matar o serviço e ir voar durante a semana sem despertar atenções. A bem da verdade, muitos pilotos de parapente carregam sempre a mochila consigo no carro, para não desperdiçar alguma "farofinha" inesperada.
Conclusão: Apesar de o parapente ser aparentemente tão "invoável" quanto um porco e ter limitações assim como os besouros, é um trem bom demais!
Não sei se Sir Isaac Newton voou; provavelmente o tenha feito, assim como Leonardo da Vinci, mas eles não devem ter voado em algo tão gostoso.
Algo tão simples que cabe em uma mochila, tão pequeno que o chefe não vê numa escapada, tão vibrante que lembra as pipas da infância.
Quando um parapentista está se preparando para voar, enquanto ele se entretém com suas linhas e panos, alguém poderia colocar uma placa ali perto com os dizeres: “Não perturbe, adulto ocupado brincando.”
Texto de Isaias Malta da Cunha. |
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